Prevalência da infecção por clamídia e gonococo em mulheres atendidas na clínica de DST da fundação Alfredo da Matta, Manaus, Amazonas
Palavras-chave:
DST, corrimento vaginal, infecção gonocócica, infecção por clamídia, escore de riscoResumo
Introdução: a pouca correspondência entre a queixa de corrimento vaginal ou cervical e a positividade da infecção gonocócica ou por clamídia tem sido amplamente divulgada na literatura, por isso é necessário continuar buscando novos elementos que permitam melhorar o seu diagnóstico. Objetivo: estimar a prevalência e os fatores de risco associados à infecção gonocócica e por clamídia em população feminina sintomática ou não, atendida por demanda espontânea em uma clínica especializada em DST, e avaliar a utilidade do emprego da definição, atualmente em uso no Brasil, para escore de risco em mulheres com corrimento vaginal. Métodos: foram incluídas 239 mulheres, atendidas na clínica de DST da Fundação Alfredo da Matta, na cidade de Manaus, Amazonas, em 2008, e que realizaram exames para clamídia e gonorreia. Resultados: a prevalência por clamídia e gonococo foi de 18,4% e a coinfecção, de 12,9%; a prevalência da infecção por clamídia (captura híbrida) foi de 13,0% e a de cervicite gonocócica (Thayer Martin), 7,1%. As maiores prevalências foram encontradas entre adolescentes e mulheres com antecedentes de ter parceiro com corrimento uretral, porém só a última foi um preditor significativo na análise multivariada para a infecção gonocócica [OR = 4,8 (2,2-10,5)]. As mulheres com corrimento e escore de risco positivo (≥ 2) tiveram prevalência significativamente maior só para infecção gonocócica (p < 0,001). Os resultados de sensibilidade, especificidade e VPP para a definição de risco tiveram valores baixos e não conseguiram evitar uma elevada taxa de tratamentos desnecessários. Conclusão: a infecção cervical por clamídia foi a mais frequente e dentre as pacientes, 58% eram assintomáticas. Ter parceiro com corrimento uretral foi a única variável independente significativa para infecção gonocócica e para aquelas com coinfecção, porém não foi para infecção somente por clamídia. A definição atual do escore de risco tem sensibilidade e especificidade muito baixas para o diagnóstico de infecção cervical por clamídia, gonorreia ou ambas.