Avaliação clínica da uncaria tomentosa no trata mento e controle de lesões decorrentes de infecção pelo vírus herpes simplex

Autores

  • Carlos Romualdo B. Gama
  • Mariana D.L. Passos
  • Rafael Varella
  • Ricardo Lasmar
  • Gustavo F. Gama
  • Lisa Oliveira
  • João Gabriel L. Daher
  • Mauro Romero L. Passos
  • Mauro Geller

Palavras-chave:

Uncaria tomentosa, herpes simplex 1, herpes simplex 2, DST

Resumo

Introdução: as infecções causadas pelos vírus herpes simplex 1 e 2 representam uma das doenças sexualmente transmissíveis mais comuns em nível global e apresentam um amplo espectro de acometimento clínico. A Uncaria tomentosa é uma planta popularmente conhecida como unha-de-gato, cujos extratos são amplamente utilizados por suas propriedades farmacológicas, que influenciam com ações benéficas nas alergias, bem como possuem ação antiinflamatória, antimicrobiana e antioxidante. Objetivo: o objetivo geral foi avaliar o uso tópico do extrato de Uncaria tomentosa na forma de gel 50 mg/g como adjuvante no tratamento e controle das lesões orais e genitais decorrentes da infecção com herpes simplex. Os objetivos específicos foram avaliar a eficácia e segurança do uso tópico do extrato como adjuvante no tratamento e controle das lesões orais e genitais decorrentes da infecção com herpes simplex, através de avaliações clínicas das lesões herpéticas e questionários realizados pelo paciente e pelo médico investigador; exame físico; incidência de eventos adversos; incidência de alteração de parâmetros laboratoriais. Métodos: estudo clínico em pacientes apresentando lesões decorrentes de infecção por HSV-1 ou HSV-2, tratados com o extrato de Uncaria tomentosa 50 mg/g na forma de gel tópico, durante um mínimo de 5 dias e um máximo de 10 dias. As avaliações de eficácia foram realizadas a partir de dados coletados antes do tratamento (pré-tratamento), após 5 dias de tratamento (visita 2), e após 10 dias de tratamento (visita final). As medidas primárias de eficácia incluíram a cura (definida como a perda da crosta dura) das lesões e a presença de dor e prurido nas lesões. As medidas secundárias de eficácia incluíram a presença de edema e/ou rubor nas lesões, e a incidência de desenvolvimento de novas lesões durante o período de tratamento, bem como a Avaliação do Médico, a Avaliação do Paciente e a Avaliação Global de Eficácia. A tolerabilidade clínica geral e a segurança foram analisadas pela incidência de todos os eventos adversos; pelos eventos adversos sérios e/ou hospitalizações; e síndromes de abstinência devidas a qualquer evento adverso; pela incidência de alteração clinicamente significativa nos exames laboratoriais realizados, bem como pela Avaliação Global de Segurança. Os resultados foram comparados para cada avaliação (pré-tratamento, avaliação 2, avaliação 3). Resultados: um total de 150 pacientes foi incluído na análise. Após 5 dias de tratamento (visita 2), 45 (30%) pacientes apresentavam cura total de todas as lesões, sendo considerados como sucesso terapêutico. Ao final de 10 dias e tratamento, 69 (68,3%) dos 101 pacientes que permaneceram no tratamento apresentavam cura total de todas as lesões. Foi observada uma redução estatisticamente significativa na porcentagem de pacientes apresentando dor quanto na visita 2 (p < 0,0001) tanto na visita 3 (p < 0,0001). Também foram observadas reduções estatisticamente significativas (p < 0,0001 para todos) na porcentagem de pacientes apresentando prurido, eritema e ardência na visita 2 e na visita 3. Na visita 3 foi observada uma redução estatisticamente significativa (p = 0,0032) na porcentagem de pacientes apresentando rubor. Não houve alteração nos sinais vitais registrados na visita 2 e visita 3 em relação aos valores prétratamento. Eventos adversos (EAs) foram registrados entre dez pacientes, sendo estes de intensidade branda ou moderada e transitórios. Na Avaliação do Paciente realizada durante a visita final, 70 pacientes (69,3%) responderam à avaliação com pontuação de 8-10. Na Avaliação do Médico realizada durante a visita final, 66 pacientes (65,3%) foram avaliados com 8-10 pontos. Na Avaliação Global de Eficácia realizada pelo médico investigador, a eficácia do medicamento foi avaliada como Muito Bom em 57 pacientes (38,3%). Na Avaliação Global de Segurança realizada pelo médico investigador ao final do período de tratamento, a tolerabilidade do medicamento foi considerada Muito Boa em 81 (54,4%) dos pacientes. Conclusão: com base nos resultados obtidos nesta avaliação, concluímos que o extrato de Uncaria tomentosa na forma de gel 50 mg/g foi eficaz e seguro no tratamento e controle das lesões orais e genitais decorrentes da infecção com HSV-1 e HSV-2, na população de pacientes avaliada.

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Biografia do Autor

Carlos Romualdo B. Gama

Prof. Titular de Ginecologia da Faculdade de Medicina de Teresópolis – UNIFESO, Doutor em Ginecologia pela UNESP, Titular do Colégio Brasileiro de Cirurgiões.

Mariana D.L. Passos

Médica do Setor de DST da Universidade Federal Fluminense.

Rafael Varella

Prof. Adjunto de Virologia do Departamento de Microbiologia e Parasitologia (MIP) – Instituto Biomédico - UFF.

Ricardo Lasmar

Doutor em Ginecologia pela UNESP, Prof. Adjunto da Faculdade de Medicina da UFF.

Gustavo F. Gama

Médico residente em Ginecologia da Faculdade de Medicina da UFJF.

Lisa Oliveira

Pesquisadora bolsista do Departamento de Imunologia e Microbiologia da Faculdade de Medicina de Teresópolis – UNIFESO.

João Gabriel L. Daher

Médico do CNNF – Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro.

Mauro Romero L. Passos

Prof. Associado Chefe do Setor de DST – UFF.

Mauro Geller

Prof. Titular de Imunologia da Faculdade de Medicina Teresópolis – UNIFESO. Prof. Titular de Imunologia Clínica do Instituto de Pós- Graduação Médica Carlos Chagas. Prof. da New York University. Prof. Coordenador do Setor de Facomatoses do Serviço de Genética Clínica – IPPMG-UFRJ.

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Publicado

2010-10-10

Como Citar

1.
Gama CRB, Passos MD, Varella R, Lasmar R, Gama GF, Oliveira L, et al. Avaliação clínica da uncaria tomentosa no trata mento e controle de lesões decorrentes de infecção pelo vírus herpes simplex. DST [Internet]. 10º de outubro de 2010 [citado 21º de novembro de 2024];22(4):215-21. Disponível em: https://bjstd.org/revista/article/view/1110

Edição

Seção

Artigo original