Vaginose bacteriana e tricomoníase: prevalência, fatores associados e desempenho de testes diagnósticos

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5327/DST-2177-8264-2023351360

Palavras-chave:

Estudos transversais, Sensibilidade e especificidade, Vaginose, bacteriana, Infecções por trichomonas, Exame ginecológico

Resumo

Introdução: A vaginose bacteriana e a tricomoníase vaginal constituem causas frequentes de procura por serviços de saúde. Objetivo: Estimar a prevalência, identificar os fatores associados e investigar o desempenho dos testes diagnósticos para vaginose bacteriana e tricomoníase. Métodos: Estudo de corte transversal, com participantes acima de 18 anos. Todas foram submetidas a entrevista e exame ginecológico com avaliação da secreção vaginal, verificação do pH e coleta de material para Papanicolau, exame a fresco, teste de Whiff, bacterioscopia e reação em cadeia de polimerase para a detecção de tricomoníase. A análise de regressão logística foi empregada para identificar fatores associados à vaginose bacteriana. O desempenho diagnóstico para vaginose bacteriana foi avaliado pelos seguintes métodos: critérios de Amsel, escore de Ison e Hay e Papanicolau, tendo como padrão-ouro o escore de Nugent. O desempenho diagnóstico para tricomoníase foi avaliado pelo Papanicolau e exame a fresco, tendo como padrão-ouro a reação em cadeia de polimerase. Resultados: A prevalência da vaginose bacteriana foi de 33,7% e da tricomoníase, de 0,5%. A queixa de secreção vaginal anormal associou-se ao diagnóstico de vaginose bacteriana (odds ratio — OR=2,2), a precisão diagnóstica pelos métodos critérios de Amsel, escore de Ison e Hay, e Papanicolau, foi de 35,6, 97,0 e 84,2%, respectivamente. A sensibilidade para tricomoníase, pelo exame a fresco, foi de 0,0% e, pelo Papanicolau, de 100%. Conclusão: A prevalência da vaginose bacteriana foi elevada e da tricomoníase, baixa. O único fator associado à vaginose bacteriana foi o relato de secreção vaginal anormal. Os métodos com melhor desempenho diagnóstico para vaginose bacteriana foram os escores de Ison e Hay, Papanicolau e, para tricomoníase, Papanicolau.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Workowski KA, Bachmann LH, Chan PA, Johnston CM, Muzny CA, Park I, et al Sexually transmitted infections treatment guidelines, 2021. MMWR Recomm Rep. 2021;70(4):1-187. https://doi.org/10.15585/mmwr.rr7004a1

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas para atenção integral às pessoas com infecções sexualmente transmissíveis (IST) [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2020 [cited on 2021 Apr. 27]. Available from: https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/wp-content/uploads/2020/08/pcdt_ist_final_revisado_020420.pdf

World Health Organization. Report on global sexually transmitted infection surveillance, 2018. Geneva: WHO; 2018.

Iwueze MO, Ezeanyanwu LN, Okafor FC, Nwaorgu OC, Ukibe SC. Prevalence of Trichomonas vaginalis infection among women attending hospitals/health centres in Onitsha Community, Onitsha North Local Government Area of Anambra State. Bioscientist. 2014;2(1):54-64.

Kenyon C, Colebunders R, Crucitti T. The global epidemiology of bacterial vaginosis: a systematic review. Am J Obstet Gynecol. 2013;209(6):505-23. https://doi.org/10.1016/j.ajog.2013.05.006

Ignacio MAO, Andrade J, Freitas APF, Pinto GVS, Silva MG, Duarte MTC. Prevalência de vaginose bacteriana e fatores associados em mulheres que fazem sexo com mulheres. Rev Latino-Am Enfermagem. 2018;26:e3077. https://doi.org/10.1590/1518-8345.2491.3077

Resende AF, Santos RWF, Gaspar LMAC, Almeida POS. Prevalência de vaginoses bacterianas em pacientes que realizaram bacterioscopia de secreção vaginal. Rev Ciênc Méd Biol. 2019;18(2):190-3. http://dx.doi.org/10.9771/cmbio.v18i2.29698

Camargo KC, Alves RRF, Baylão LA, Ribeiro AA, Araujo NLAS, Tavares SBN, et al. Secreção vaginal anormal: sensibilidade, especificidade e concordância entre o diagnóstico clínico e citológico. Rev Bras Ginecol Obstet. 2015;37(5):222-8. https://doi.org/10.1590/SO100-720320150005183

Bilardi J, Walker S, Mooney-Somers J, Temple-Smith M, McNair R, Bellhouse C, et al. Women’s views and experiences of the triggers for onset of bacterial vaginosis and exacerbating factors associated with recurrence. PLoS One. 2016;11(3):e0150272. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0150272

Amsel R, Totten PA, Spiegel CA, Chen KC, Eschenbach D, Holmes KK. Nonspecific vaginitis. Diagnostic criteria and microbial and epidemiologic associations. Am J Med. 1983;74(1):14-22. https://doi.org/10.1016/0002-9343(83)91112-9

Nugent RP, Krohn MA, Hillier SL. Reliability of diagnosing bacterial vaginosis is improved by a standardized method of gram stain interpretation. J Clin Microbiol. 1991;29(2):297-301. https://doi.org/10.1128/jcm.29.2.297-301.1991

Ison CA, Hay PE. Validation of a simplified grading of Gram stained vaginal smears for use in genitourinary medicine clinics. Sex Transm Infect. 2002;78(6):413-5. https://doi.org/10.1136/sti.78.6.413

Nayar R, Wilbur DC. The Bethesda system for reporting cervical cytology definitions, criteria, and explanatory notes. 3rd ed. New York: Springer International Publishing; 2015.

Garber GE. The laboratory diagnosis of Trichomonas vaginalis. Can J Infect Dis Med Microbiol. 2005;16(1):35-8. https://doi.org/10.1155/2005/373920

Tayoun ANA, Burchard PR, Caliendo AM, Scherer A, Tsongalis GJ. A multiplex PCR assay for the simultaneous detection of Chlamydia trachomatis, Neisseria gonorrhoeae, and Trichomonas vaginalis. Exp Mol Pathol. 2015;98(2):214-8. https://doi.org/10.1016/j.yexmp.2015.01.011

Cohen CR, Lingappa JR, Baeten JM, Ngayo MO, Spiegel CA, Hong T, et al. Bacterial vaginosis associated with increased risk of female-to-male HIV-1 transmission: a prospective cohort analysis among African couples. PLoS Med. 2012;9(6):e1001251. https://doi.org/10.1371/journal.pmed.1001251

Sabour S, Arzanlou M, Vaez H, Rahimi G, Sahebkar A, Khademi F. Prevalence of bacterial vaginosis in pregnant and non-pregnant Iranian women: a systematic review and meta-analysis. Arch Gynecol Obstet. 2018;297(5):1101-13. https://doi.org/10.1007/s00404-018-4722-8

Andrade A, Zicker F. Métodos de investigação epidemiológica em doenças transmissíveis: manual do instrutor. Brasília: Organização Pan-Americana de Saúde/Fundação Nacional de Saúde; 1997.

Camargo KC, Alves RRF, Saddi VA. Prevalence and factors associated with bacterial vaginosis in women in Brazil: a systematc review. J bras Doenças Sex Transm. 2023;35:e23351223. https://doi.org/10.5327/DST-2177-8264-2023351223

Asmah RH, Agyeman RO, Obeng-Nkrumah N, Blankson H, Awuah-Mensah G, Cham M, et al. Trichomonas vaginalis infection and the diagnostic significance of detection tests among Ghanaian outpatients. BMC Womens Health. 2018;18(1):206. https://doi.org/10.1186/s12905-018-0699-5

Ambrozio CL, Nagel AS, Jeske S, Bragança GCM, Borsuk S, Villela MM. Trichomonas vaginalis prevalence and risk factors for women in southern Brazil. Rev Inst Med Trop Sao Paulo. 2016;58:61. https://doi.org/10.1590/S1678-9946201658061

Field N, Clifton S, Alexander S, Ison CA, Khanom R, Saunders P, et al. Trichomonas vaginalis infection is uncommon in the British general population: implications for clinical testing and public health screening. Sex Transm Infect. 2018;94(3):226-9. https://doi.org/10.1136/sextrans-2016-052660

Marconi C, Duarte MTC, Silva DC, Silva MG. Prevalence of and risk factors for bacterial vaginosis among women of reproductive age attending cervical screening in southeastern Brazil. Int J Gynaecol Obstet. 2015;131(2):137-41. https://doi.org/10.1016/j.ijgo.2015.05.016

Bautista CT, Wurapa E, Sateren WB, Morris S, Hollingsworth B, Sanchez JL. Bacterial vaginosis: a synthesis of the literature on etiology, prevalence, risk factors, and relationship with chlamydia and gonorrhea infections. Mil Med Res. 2016;3:4. https://doi.org/10.1186/s40779-016-0074-5

Bradshaw CS, Walker J, Fairley CK, Chen MY, Tabrizi SN, Donovan B, et al. Prevalent and incident bacterial vaginosis are associated with sexual and contraceptive behaviours in young Australian women. PLoS One. 2013;8(3):e57688. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0057688

Krauss-Silva L, Almada-Horta A, Alves MB, Camacho KG, Moreira MEL, Braga A. Basic vaginal pH, bacterial vaginosis and aerobic vaginitis: prevalence in early pregnancy and risk of spontaneous preterm delivery, a prospective study in a low socioeconomic and multiethnic South American population. BMC Pregnancy Childbirth. 2014;14:107. https://doi.org/10.1186/1471-2393-14-107

Antonucci FP, Mirandola W, Fontana C, Fontana C. Comparison between Nugent’s and Hay/Ison scoring criteria for the diagnosis of bacterial vaginosis inWASP prepared vaginal samples. Clin Investig. 2017;7(3):89-93.

Posser J, Girardi JP, Pedroso D, Sandri YP. Estudo das infecções cérvicovaginais diagnosticadas pela citologia. Rev Sau Int. 2015;8(15-16):1-9.

Publicado

2023-08-29

Como Citar

1.
Cristina de Camargo K, Alves RRF, Saddi VA, Ramos JEP, Lima JP, Lemes de Souza C, et al. Vaginose bacteriana e tricomoníase: prevalência, fatores associados e desempenho de testes diagnósticos . DST [Internet]. 29º de agosto de 2023 [citado 17º de maio de 2024];35. Disponível em: https://bjstd.org/revista/article/view/1360

Edição

Seção

Artigo original