Fatores contextuais associados ao diagnóstico tardio de HIV em pessoas com 50 anos ou mais no Brasil (2017–2022)

Late HIV diagnosis in adults aged 50 years and older

Resumo

Introdução: O envelhecimento populacional apresenta implicações na saúde para além de aspectos individuais. Pessoas com 50 anos ou mais podem apresentar menor percepção de risco, menor acesso a estratégias preventivas e maior vulnerabilidade estrutural a diagnóstico tardio, com impactos negativos nos desfechos clínicos e na qualidade de vida. Objetivo: Identificar determinantes sociais associados ao diagnóstico tardio da infecção pelo HIV em pessoas com 50 anos ou mais no Brasil. Métodos: Estudo ecológico transversal com dados das unidades da federação no período de 2017 a 2022, utilizando modelagem de regressão binomial negativa para estimar associações entre variáveis socioeconômicas e indicadores de acesso à saúde com a proporção de diagnóstico tardio (CD4<200 células/mm³). Resultados: Foram diagnosticados 43.395 casos de HIV em pessoas com 50 anos de idade ou mais, 32,9% deles, tardiamente. Identificou-se associação direta estatisticamente significativa do diagnóstico tardio de HIV e a taxa de analfabetismo (RT>1), e associações inversas e significativas com a taxa de envelhecimento e distribuição de testes rápidos (RT<0). Em termos populacionais, tais magnitudes representam substanciais impactos nos diagnósticos tardios na população com 50 anos ou mais. Conclusão: Identificou-se que taxas mais altas de analfabetismo aumentam a ocorrência de diagnósticos tardios, enquanto maior envelhecimento populacional e maior distribuição de testes rápidos reduzem esse risco. Esses achados reforçam a importância de políticas voltadas à educação em saúde, ampliação da testagem e redução de desigualdades para redução do diagnóstico tardio do HIV em adultos mais velhos.