Perfil do atendimento ao adolescentes no setor de DST da Universidade Federal Fluminense
Palavras-chave:
adolescente, DST, infecção genital, assistênciaResumo
Introdução: A importância das DST, na faixa etária adolescente, dá-se pelo aumento da precocidade nas relações sexuais, o aumento no número de parceiros e a falta do uso constante do preservativo. Dados da OMS relatam o aumento da freqüência de DST entre os adolescentes. É relatado que um terço das DST acometem adolescentes, sendo que um em cada quatro deles contrai uma DST até a vida adulta. Objetivo: Caracterizar o atendimento do adolescente de ambos os sexos no Setor de Doenças Sexualmente Transmissíveis da Universidade Federal Fluminense no ano de 1995. Metodologia: Realizou-se um levantamento a partir da revisão dos prontuários de todos os adolescentes atendidos no Setor de DST-UFF no ano de 1995. Foram coletados os dados referentes a sexo; idade; idade que iniciou as relações sexuais; cor; estado civil; município de moradia; método contraceptivo; forma de encaminhamento ao setor; profissão; fidelidade ao parceiro; número de retornos ao serviço; número de gestações; queixa principal; história prévia de DST; e patologia diagnosticada. Resultados: Durante o ano de 1995, foram atendidos no setor 1.187 pacientes; sendo 201 adolescentes — 16,9 % do total de atendimentos, três crianças (idade entre 0 e 9 anos ) — 0,2% das pessoas atendidas e o restante de adultos (82,9%). Entre os adolescentes atendidos 57 eram do sexo masculino (28,4%), e 144 do feminino (71,6%). Dos adolescentes que procuraram o setor, 44,6% residiam em Niterói e 43,2% em São Gonçalo, sendo que 12,2% residiam em outros municípios incluindo o Rio de Janeiro. A idade média do início das relações sexuais foi de 14,3 anos. Setenta e três por cento relataram ter parceiro único (45% para os rapazes e 84,4% para as moças). Amigos e pacientes encaminharam 28,7% dos adolescentes; médicos de clínicas particulares encaminharam 4,2% do total (12,8% dos rapazes e 0,8% das moças). Quanto aos métodos anticoncepcionais, 35,2% das moças nada utilizam, 22,8% usavam pílula e 13.8% estavam grávidas. Relataram uso rotineiro de preservativo apenas 10.5%, sendo que 86% informaram que não utilizavam camisinha em suas relações. Oito moças informaram que já haviam tido abortamento. O relato de ter sido vítima de violência sexual foi de 2,7%, sendo todas moças. Do total de pacientes, 6% informaram infecção genital prévia, em que cinco casos foram de sífilis e três de gonorréia. Entre as moças 32% procuraram o serviço por queixa de corrimento vaginal, já aos rapazes 35% foi por uretrite. Entre as moças 57% apresentavam quadro de vulvovaginite, 9,6% de HPV, 9% de sífilis, 3,6% de gonorréia e um caso de HIV positivo. Onze moças tinham mais de uma infecção. Quanto aos rapazes, 29,3% tinham gonorréia, 20,7% HPV, 10,4% sífilis e nenhum mostrou-se HIV positivo. A taxa de retorno foi de 58%.Conclusão: O total de 201 adolescentes correspondiam a 16,9% do total de atendimentos. A maioria 55,4% era de fora do município de Niterói; 51,3% eram estudantes, 30,8% eram trabalhadores; 32,5% dos adolescentes não usavam qualquer método contraceptivo, mas, 8,3% informaram que eram virgens; 86% dos adolescentes negou uso de preservativo; 13,9% das adolescentes estavam grávidas na primeira consulta; 2,7% das moças já haviam sofrido violência sexual; o principal diagnóstico nas moças foi de vulvovaginites e nos rapazes foi gonorréia; 10% das moças e 17,3% dos rapazes não apresentaram quaisquer infecções. Como muitos não apresentaram DST clínica ou outra infecção a taxa de retorno de 58% foi considerada excelente