Lesões intra-epiteliais cervicais de alto grau em pacientes infectados pelo HIV
Palavras-chave:
lesão intra-epitelial cervical de alto grau, HIVResumo
Introdução: O mecanismo através do qual a infecção pelo HIV aumenta a incidência de neoplasias não está bem esclarecido. Os tumores de células escamosas, embora fortemente associados à infecção, não são, em sua totalidade, considerados como definidores de aids. Apenas o carcinoma cervicouterino é assim classificado. Objetivo: Estudar a prevalência de lesões intra epiteliais cervicais de alto grau e a influência de variáveis clínicas, laboratoriais e comportamentais em pacientes infectadas pelo HIV. Métodos: De um total de 420 pacientes infectadas pelo HIV atendidas em serviços públicos de saúde no Rio de Janeiro, entre 1996 e 2000, 354 formaram o banco de dados consolidado para análise. A colposcopia foi realizada sistematicamente em todas as pacientes. A presença de lesão intra-epitelial cervical de alto grau (HSIL) foi cotejada com variáveis disponíveis e de interesse clínico. O diagnóstico de lesão de alto grau foi obtido em espécimes analisadas à histopatologia, quando eram observados os aspectos colpocitológicos de padrão B, C e alguns achados dc padrão E da classificação colposcópica de Roma (1990). Resultados: A prevalência de lesões de alto grau foi de 7,9%. Na análise multivariada mostraram-se significativos: contagem de CD4 abaixo de 350 céls/mm3 OR = 2,62 [IC 95% 1,13 - 6,10], hábito dc fumar OR = 2,72 [IC 95% 1,20 - 6,21 ] e a idade abaixo de 33 anos OR = 2.56 [IC 95% 1,10 - 5,96]. Conclusão: É alta a prevalência de lesões intra-epiteliais cervicais de alto grau em pacientes infectadas pelo HIV. A imunodeficiência, o hábito de fumar e a idade abaixo de 33 anos foram variáveis associadas à presença dessas lesões.