Prognóstico da doença pré-invasiva do colo uterino em mulheres infectadas pelo HIV
evidências extraídas da literatura médica e discussão quanto à efetividade de seu tratamento
Palavras-chave:
neoplasia intra-epitelial cervical, infecções por HIV, prognóstico, recidivaResumo
A infecção pelo HIV tem acometido progressivamente mais mulheres. Com o melhor manejo clínico da infecção e com o advento da terapia anti-retrovi- ral potente, doenças crônicas têm-se tornado relevantes. Este é o caso das doenças pré-invasivas cervicais. Várias evidências mostram que estas lesões são mais prevalentes, incidentes e recorrentes após tratamentos convencionais em mulheres HIV+. A leitura crítica dos artigos que procuram estabelecer o prognóstico destas lesões após tratamentos considerados efetivos em mulheres HIV-negativas mostra várias limitações. As informações extraídas dos artigos com menor risco de viés permite-nos concluir que a probabilidade de progressão de lesões de baixo grau (LSIL) para lesões de alto grau (HSIL) em mulheres HIV+ situa-se em torno de 55% e de regressão de LSIL de 25%; que a probabilidade de recorrência de HSIL após tratamentos convencionais nestas mulheres pode estar entre 56,2% e 60% ou 30,4/1.000 pacientes-mês, com risco relativo entre 4 e 5,4; que são possíveis fatores prognósticos: o grau de doença cervical tratada, o comprometimento de margens cirúrgicas, a imunodeficiência medida pela contagem de linfócitos CD4+, a carga virai do HIV e o uso de terapia anti-retrovirai. Apesar destas evidências, não existem estudos com total aplicabilidade de resultados às nossas pacientes. As altas taxas de recorrência de lesões pré-invasivas após tratamentos considerados efetivos em mulheres imunocompetentes levou a uma discussão quanto à sua efetividade em mulheres HIV+. Apesar disto, um seguimento cuidadoso com o objetivo de detectar e tratar as possíveis recorrências pode ser uma conduta efetiva.