Estudo de equivalência entre azitromicina e penicilinag benzatina no tratamento da sífilis

Autores

  • Mauro R.L. Passos Universidade Federal Fluminense
  • Adele S. Benzaken Fundação Alfredo da Matta
  • Ivo C.B. Coêlho Universidade Federal do Ceará
  • Gerson H.S. Rodrigues Universidade Federal Fluminense
  • João Catarino Dutra Junior Fundação Alfredo da Matta
  • Renata Q. Varella Universidade Federal Fluminense
  • Rogério R. Tavares Universidade Federal Fluminense
  • Nero A. Barreto Universidade Federal Fluminense
  • Bruno P. Marques Secretaria de Saúde de Santos
  • Jair Figueiredo Coordenação Estadual de DST/Aids

Palavras-chave:

sífilis, tratamento, azitromicina, penicilina G benzatina, estudo de equivalência, estudo de não-inferioridade

Resumo

Introdução: mesmo sendo a sífilis uma doença milenar e, embora existam atualmente, programas de DST/Aids em todos os países, a sífilis ainda é umproblema de saúde pública em todo o mundo. Mesmo em países desenvolvidos. Objetivo: determinar a equivalência (não-inferioridade) da azitromicinacom relação à penicilina benzatina no tratamento da sífilis adquirida, nas fases recente (primária e secundária) e latente precoce, ou seja, até um ano deduração. Métodos:estudo experimental (ensaio clínico randonizado), multicêntrico, comparativo, de equivalência de droga (não-inferioridade). Os sujei-tos de pesquisa foram divididos em quatro grupos: Grupo 1 recebeu tratamento com penicilina G benzatina 2.400.000 U IM em dose única. As injeçõesforam de 1.200.000 UI em cada região glútea ou detóidea. Grupo 2 recebeu tratamento com penicilina G benzatina 2.400.000 U IM em duas doses comuma semana de intervalo - dose total de 4.800.00 U. As injeções foram de 1.200.000 UI em cada região glútea ou deltóidea. Grupo 3 - Recebeu trata-mento com azitromicina 1g V.O. por semana - dose total de 2 g (duas doses). Grupo 4 recebeu tratamento com azitromicina 1g VO por semana – dosetotal de 3 g (três doses). Diagnóstico da doença: bacterioscopia de esfregaço das lesões cutâneo-mucosas quando presentes (campo escuro ou imunofluo-rescência) feitos por profissional qualificado do laboratório que atende o serviço e testes sorológicos (VDRL marca BIOLAB – Merieux) e FTA-Abspara confirmação, também da marca BIOLAB Merieux. Foi utilizado como critério de cura clínica, nos pacientes com lesões, o desaparecimento destas,e como critério de cura sorológica o decréscimo de quatro títulos da sorologia (VDRL) ou sua negativação, no prazo de até seis meses. O tamanho daamostra para teste de equivalência foi demonstrado ser válido com o uso de programa estatístico (StudySize 1.0, Creostat HB, Suécia) para um ensaiopostulando um máximo de 10% de inferioridade na resposta da azitromicina com relação à penicilina benzatina, nos esquemas avaliados, com p = 0.05,em estudo randomizado, pareado, de grupos de mesmo tamanho. A análise do intervalo de confiança foi usada para interpretar os resultados, como reco-mendado no documento E-10 do ICH. Resultados: duzentos e quatro pacientes iniciaram a pesquisa. Trinta e três (16,18%) sujeitos de pesquisa abando-naram o estudo. Dos 171 pacientes que cumpriram todo o protocolo 71 (41,52%) eram mulheres e 100 (58,48%) eram homens. Quanto à classificação,35/171 (20,47%) foram sífilis latente precoce e 136/171 (79,53%) sífilis recente (primária e secundária). Onze pacientes (6,43%) apresentaram reação deJarish-Herxheimer. Dos pacientes que aceitaram fazer a sorologia anti-HIV nove tiveram resultado positivo. As taxas de cura foram: grupo 1, 39/44(88,64%); grupo 2, 38/42 (90,48%); grupo 3, 37/40 (92,5%) e grupo 4, 43/45 (95,55%). Nenhum paciente interrompeu o tratamento por efeitos colate-rais, nem hipersensibilidade aos medicamentos usados. A análise dos dados mostrou C-T<M (refutação da hipótese de inferioridade) por ampla margemao compararmos o grupo 1 ao grupo 3 (uma dose de penicilina x dose menor de azitromicina) e o grupo 2 ao grupo 4 (duas doses de penicilina x dosemaior de azitromicina). Conclusão: a azitromicina mostrou ser equivalente à penicilina nos esquemas estudados. Ambas são eficazes e seguras para otratamento de sífilis recente ou latente precoce. As drogas e as doses foram bem toleradas, não ocorrendo efeitos colaterais de média ou grave intensida-de, excetuando-se as reações de Jarisch-Herxheimer.

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Publicado

2004-02-27

Como Citar

1.
Passos MR, Benzaken AS, Coêlho IC, Rodrigues GH, Dutra Junior JC, Varella RQ, et al. Estudo de equivalência entre azitromicina e penicilinag benzatina no tratamento da sífilis. DST [Internet]. 27º de fevereiro de 2004 [citado 13º de maio de 2024];16(1):52-66. Disponível em: https://bjstd.org/revista/article/view/503

Edição

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Artigo original