Avaliação da infecção por chlamydia trachomatis e HR-HPV em mulheres vivendo com HIV
um estudo transversal
Palavras-chave:
Chlamydia trachomatis, doenças sexualmente transmissíveis, Papillomaviridae, HIV, mulheresResumo
Introdução: As infecções causadas por Chlamydia trachomatis e por papilomavírus humano (HPV) estão entre as infecções sexualmente transmissíveis (IST) mais prevalentes em todo o mundo. A infecção por Chlamydia trachomatis em mulheres que vivem com HIV pode facilitar a transmissão do HIV, aumentando a disseminação do HIV cérvico-vaginal. A prevalência da infecção pelo HPV é maior em mulheres vivendo com HIV quando comparadas às mulheres HIV negativas, mesmo quando comparadas àquelas com as mesmas características sociodemográficas. Geralmente apresentam carga viral elevada e maior persistência de infecção viral, o que aumenta o risco de desenvolver lesões pré-malignas e malignas no trato genital inferior. Objetivo: Avaliar a frequência de infecção por Chlamydia trachomatis e HPV de alto risco (HR-HPV) em mulheres vivendo com HIV e sua associação com características sociodemográficas, comportamentais e clínicas. Métodos: Estudo transversal realizado com uma população de 66 mulheres não gestantes de 18 a 70 anos vivendo com HIV e/ou AIDS no Hospital Universitário Antônio Pedro, Universidade Federal Fluminense – Niterói (RJ), Brasil, entre 1º de março e 31 de outubro de 2018. Aplicou-se um questionário padronizado incluindo características sociodemográficas e comportamentais e informações clínicas (uso de anticoncepcionais orais, terapia antirretroviral, contagem de células CD4 e carga viral). Amostras endocervicais foram coletadas para detectar Chlamydia trachomatis (COBAS 4800® Roche) e HPV (COBAS ® HPV Roche). O teste exato de Fisher avaliou a associação entre as variáveis. As análises de regressão foram realizadas por meio do modelo logístico, a fim de identificar os fatores associados aos desfechos de interesse. Resultados: Encontrou-se frequência de 1,5% para Chlamydia trachomatis e 21,2% para HR-HPV. A idade foi o único fator que apresentou significância estatística associada à infecção por HR-HPV. Conclusão: Nosso estudo mostra que algumas mulheres vivendo com HIV praticam comportamentos de risco que podem facilitar a aquisição de outras IST, como a infecção por HPV e Chlamydia trachomatis. Algumas delas com carga viral detectada não usavam preservativo, mesmo com parceiros HIV negativos. Esses resultados podem sugerir que, além do tratamento e acompanhamento de mulheres vivendo com HIV, o aconselhamento e a orientação para IST podem desempenhar um papel importante no controle das IST nessa população.