Estudantes universitários e a infecção pelo HIV

um estudo sobre comportamento sexual e vulnerabilidades

Autores

  • Rodolfo Silva Bertoli
  • Carlos Edson Scheidmantel
  • Newton Sergio De Carvalho

Palavras-chave:

DST, AIDS, vulnerabilidade, estudantes, adolescentes

Resumo

Introdução: Transformações emocionais, sociais e físicas marcam a adolescência. Nessa fase do desenvolvimento, o indivíduo mais vulnerável tende a se envolver em comportamentos de risco relacionados ao uso de álcool e drogas assim como em situações de sexo sem proteção. Objetivo: Avaliar as atitudes dos universitários em relação às doenças sexualmente transmissíveis (DST) e a influência da universidade nesse comportamento. Métodos: Questionários padronizados foram aplicados de forma anônima por uma equipe treinada, nas salas de aula, direcionados para: um primeiro grupo formado de calouros (alunos do primeiro ano de faculdade) e um segundo grupo formado de veteranos (alunos do quarto ano de faculdade) de 11 setores que compõem a Universidade Federal do Paraná (UFPR), sendo que o cálculo amostral definiu um total de 1.459 estudantes, sendo incluídos 1.350. Esse questionário foi baseado na Pesquisa de Conhecimentos, Atitudes e Práticas na População Brasileira de 15 a 64 anos (PCAP) de 2008, realizado pelo Ministério da Saúde (MS), Secretaria de Vigilância em Saúde Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. O questionário foi modificado e adaptado para a pesquisa sobre Vulnerabilidades às DST, infecção pelo HIV/Aids e gravidez não planejada entre estudantes universitários da UFPR. Resultados: Dos 1.350 estudantes abordados, 1.070 (79,2%) já tiveram relação sexual alguma vez na vida (74,9% dos calouros e 86,8% dos veteranos). Em relação ao gênero, 76,3% das mulheres e 82,7% dos homens já haviam iniciado a vida sexual. Dos 507 calouros que fizeram sexo vaginal, 42,0% não usaram camisinha, contra 56,7% dos 363 veteranos (p<0,0001). Cenário semelhante observa-se em relação ao sexo oral, sendo novamente os veteranos os que fizeram menor uso de proteção em relação aos calouros, 94,9 versus 88,6% (p=0,0021). O total de 273 pessoas respondeu ambas as questões sobre testagem para o HIV e sobre a prática de sexo vaginal desprotegido nos últimos 12 meses. Dos 163 universitários que não utilizaram preservativo, 55,2% fizeram a testagem no período. Por outro lado, dos 110 que utilizaram preservativo naquele período, apenas 41,8% testaram-se para o HIV (p=0,0359). Conclusão: Comportamento sexual de risco e deficiente autopercepção de vulnerabilidade marcam o perfil dos universitários participantes deste estudo. Os jovens expostos não têm consciência da sua real vulnerabilidade. A universidade não atua como fator protetor para esses estudantes. Para os adolescentes, há muitos fatores que se sobrepõem ao risco de adquirir uma DST. A universidade pode e deve contribuir de maneira mais efetiva na conscientização e na promoção da saúde de seus estudantes.

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Biografia do Autor

Rodolfo Silva Bertoli

Medicine Graduate, Universidade Federal do Paraná (UFPR) - Curitiba (PR), Brazil

Carlos Edson Scheidmantel

Department of Obstetrics and Gynecology, UFPR - Curitiba (PR), Brazil

Newton Sergio De Carvalho

Full Professor, Gynecology and Obstetrics Department, Infectious Disease in G&O Sector, Clinics Hospital University Federal of Parana (UFPR) - Curitiba (PR), Brazil

Publicado

2016-09-25

Como Citar

1.
Bertoli RS, Scheidmantel CE, Carvalho NSD. Estudantes universitários e a infecção pelo HIV: um estudo sobre comportamento sexual e vulnerabilidades. DST [Internet]. 25º de setembro de 2016 [citado 23º de novembro de 2024];28(3):90-5. Disponível em: https://bjstd.org/revista/article/view/769

Edição

Seção

Artigo original