Estudantes universitários e a infecção pelo HIV
um estudo sobre comportamento sexual e vulnerabilidades
Palavras-chave:
DST, AIDS, vulnerabilidade, estudantes, adolescentesResumo
Introdução: Transformações emocionais, sociais e físicas marcam a adolescência. Nessa fase do desenvolvimento, o indivíduo mais vulnerável tende a se envolver em comportamentos de risco relacionados ao uso de álcool e drogas assim como em situações de sexo sem proteção. Objetivo: Avaliar as atitudes dos universitários em relação às doenças sexualmente transmissíveis (DST) e a influência da universidade nesse comportamento. Métodos: Questionários padronizados foram aplicados de forma anônima por uma equipe treinada, nas salas de aula, direcionados para: um primeiro grupo formado de calouros (alunos do primeiro ano de faculdade) e um segundo grupo formado de veteranos (alunos do quarto ano de faculdade) de 11 setores que compõem a Universidade Federal do Paraná (UFPR), sendo que o cálculo amostral definiu um total de 1.459 estudantes, sendo incluídos 1.350. Esse questionário foi baseado na Pesquisa de Conhecimentos, Atitudes e Práticas na População Brasileira de 15 a 64 anos (PCAP) de 2008, realizado pelo Ministério da Saúde (MS), Secretaria de Vigilância em Saúde Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. O questionário foi modificado e adaptado para a pesquisa sobre Vulnerabilidades às DST, infecção pelo HIV/Aids e gravidez não planejada entre estudantes universitários da UFPR. Resultados: Dos 1.350 estudantes abordados, 1.070 (79,2%) já tiveram relação sexual alguma vez na vida (74,9% dos calouros e 86,8% dos veteranos). Em relação ao gênero, 76,3% das mulheres e 82,7% dos homens já haviam iniciado a vida sexual. Dos 507 calouros que fizeram sexo vaginal, 42,0% não usaram camisinha, contra 56,7% dos 363 veteranos (p<0,0001). Cenário semelhante observa-se em relação ao sexo oral, sendo novamente os veteranos os que fizeram menor uso de proteção em relação aos calouros, 94,9 versus 88,6% (p=0,0021). O total de 273 pessoas respondeu ambas as questões sobre testagem para o HIV e sobre a prática de sexo vaginal desprotegido nos últimos 12 meses. Dos 163 universitários que não utilizaram preservativo, 55,2% fizeram a testagem no período. Por outro lado, dos 110 que utilizaram preservativo naquele período, apenas 41,8% testaram-se para o HIV (p=0,0359). Conclusão: Comportamento sexual de risco e deficiente autopercepção de vulnerabilidade marcam o perfil dos universitários participantes deste estudo. Os jovens expostos não têm consciência da sua real vulnerabilidade. A universidade não atua como fator protetor para esses estudantes. Para os adolescentes, há muitos fatores que se sobrepõem ao risco de adquirir uma DST. A universidade pode e deve contribuir de maneira mais efetiva na conscientização e na promoção da saúde de seus estudantes.