O estigma de usuários do sistema público de saúde brasileiro em relação a indivíduos HIV positivo
Palavras-chave:
preconceito, soropositividade para HIV, síndrome da imunodeficiência adquiridaResumo
Introdução: O conceito inicial de que a AIDS era uma doença que ocorria em indivíduos com atitudes desaprovadas pela sociedade causou estigmatização e preconceito em indivíduos HIV positivo. Objetivo: Analisar a existência de preconceito e atitudes discriminatórias de usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) em relação a indivíduos soropositivos, considerando sua classe socioeconômica. Métodos: Trata-se de uma pesquisa descritiva, com caráter transversal e abordagem quantitativa. Aplicou-se o Critério de Classificação Econômica Brasil, para a classificação econômica da população, e um questionário estruturado com questões relacionadas ao preconceito e à discriminação, à percepção sobre esterilização e ao contágio de doenças; além de questões de manual do Ministério da Saúde que aborda o assunto. Resultados: A população estudada foi composta por 150 indivíduos, dos quais 77,3% afirmaram que aceitariam ser atendidos após um paciente soropositivo, e 92%, após um presidiário. Entretanto, 42% prefeririam o atendimento antes de um indivíduo soropositivo, e 23,3%, antes de um presidiário. A maioria relatou preocupação quanto à esterilização do material odontológico (98%), embora 42% não soubessem como o procedimento ora realizada. Existiu diferença significativa entre os indivíduos que inicialmente afirmaram aceitar o atendimento após um paciente HIV positivo (p=0,0029) ou um presidiário (p<0,0001) e os que posteriormente disseram preferir o atendimento antes. Não houve associação entre classe econômica e preconceito. Conclusão: Os usuários do SUS apresentam preconceito e atitudes discriminatórias em relação a pessoas soropositivas, expressa, às vezes, de maneira velada, independentemente da classe econômica do indivíduo.