Avaliação do cumprimento das metas propostas pela Organização Mundial da Saúde para a eliminação da sífilis congênita em um hospital universitário do Rio de Janeiro
Palavras-chave:
sífilis, gestação, assistência pré-natal, prevalênciaResumo
Introdução: O Brasil é considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) um dos 15 países prioritários para o controle da sífilis entre as gestantes, pela alta prevalência da doença e grande população do país. Apesar de fácil prevenção e tratamento, a doença avança no país, que vivencia uma epidemia. É responsável anualmente no mundo por mais de 300 mil mortes fetais e neonatais e 520.000 desfechos adversos fetais. Objetivo: Verificar se as metas propostas pela OMS na eliminação da sífilis congênita estão sendo cumpridas na assistência das gestantes. Métodos: Estudo de corte transversal com dados coletados nos laboratórios, prontuários e questionários de 79 parturientes com a doença internadas no Núcleo Perinatal do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), no Rio de Janeiro, entre 2012 e 2014. Resultados: A incidência de sífilis congênita no HUPE foi de 26,6 casos a cada 1.000 nascidos vivos (NV). A média de idade das parturientes infectadas era de 26 anos, e elas em sua maioria eram não brancas (81%), solteiras (82,1%) e tinham menos de nove anos de estudo (57,7%). História de infecções sexualmente transmissíveis (IST) prévia foi relatada por 35,4% (28/79) e 20% tinha (16/79) coinfecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV). A maioria (72,2%) não fazia uso regular de preservativos. Na avaliação das metas recomendadas pela OMS, somente a captação alcançou 92,4% (meta 90%). Foram testadas 87,3% das partipantes (meta 90%), tratadas 72,2% das gestantes (meta 100%), sendo 51,0% antes da 24.ª semana de gestação (meta 80%), e tratados também 19,0% dos parceiros (meta 80%). Em relação à orientação sobre o uso de preservativos durante o pré-natal, 52,5% o confirmou (meta 100%). Conclusão: As regras básicas e estratégicas definidas pela OMS para o controle da sífilis congênita no país não estão sendo cumpridas, o que leva diariamente à perda de milhares de oportunidades de salvar vidas durante o pré-natal.