Está ocorrendo envelhecimento da hepatite B aguda no Brasil?

Resumo

Introdução: A prevalência da infecção pelo vírus da hepatite B (HBV) vem diminuindo em todo o Brasil desde a introdução da vacinação universal de crianças. Atualmente a vacina está disponível para todas as idades, porém a maior parte da população brasileira não foi vacinada e pode ainda ser suscetível. A maioria dos casos notificados ao Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) é crônica, consequência de contágio antigo. Contudo os casos agudos são fruto de transmissão atual e podem revelar-nos a dinâmica atual da circulação do HBV. Objetivo: Avaliar se há mudança na distribuição etária da incidência da hepatite B aguda no Brasil. Métodos: Analisar a série histórica de casos notificados e as taxas de incidência de hepatite B aguda por faixa etária entre 2007 e 2018, tendo como base os dados notificados ao SINAN. Testar tendência temporal pelo teste não paramétrico de Cusick. Resultados: Houve queda da taxa de incidência de 1,02 (/100.000 hab.), em 2007, para 0,67, em 2018 (p=0,01). A queda foi significativa em todas as idades, exceto abaixo dos 15 e acima dos 60 anos. As maiores incidências (@1,0/100.000 hab.) ocorreram entre 20 e 59 anos. Conclusão: Há progressivo “envelhecimento” dos casos agudos de hepatite B no país, provavelmente pela proteção dos mais jovens por vacina. Parcela considerável da população mais idosa é suscetível ao HBV e continua exposta, principalmente por via sexual. São necessárias medidas de controle, como vacinação e orientação para prática de sexo seguro.