Doenças sexualmente transmissíveis em mulheres a partir de 50 anos de idade
análise retrospectiva de 2000 a 2017 em serviço público de referência em Niterói, Rio de Janeiro
Palavras-chave:
doenças sexualmente transmissíveis, mulheres, idososResumo
Introdução: As doenças sexualmente transmissíveis (DST) são mais comuns em jovens. Existem poucos estudos sobre DST na população de idosos, em particular em mulheres. Objetivo: Avaliar e caracterizar, por meio de variáveis epidemiológicas, a prevalência das DST na população feminina com mais de 50 anos, em serviço público de referência no município de Niterói, Rio de Janeiro, Brasil. Métodos: O estudo foi realizado no Setor de DST da Universidade Federal Fluminense. Foi um estudo descritivo retrospectivo de caráter quantitativo, realizado com mulheres a partir de 50 anos de idade atendidas no referido serviço de ensino, pesquisa e extensão, no período de 2000 a 2017. A coleta de dados foi realizada por meio de pesquisa documental, a partir de consultas aos prontuários do Setor de Doenças Sexualmente Transmissíveis da Universidade Federal Fluminense. Foi analisado um total de 6.822 prontuários, sendo 2.363 do sexo feminino. Destes, 50 prontuários de mulheres a partir de 50 anos. As variáveis utilizadas foram: idade, escolaridade, estado civil, uso de preservativos, diagnóstico, características e comportamento sexuais (relações extraconjugais e passado de homossexualidade), cor, passado de DST, educação sexual, números de parcerias sexuais, renda familiar. Resultados: Houve maior prevalência de infecção por papilomavírus humano (HPV) sob a forma de condiloma acuminado em 48% dos casos e de neoplasia intraepitelial cervical (NIC) I, II ou III em 20%. Sífilis ocorreu em 14%, herpes genital e tricomoníase em 6% cada, HIV em 4% e gonorreia em 2% dos casos. 64% das mulheres não tinham história patológica pregressa de DST, e 6% tiveram diagnóstico prévio de sífilis e 6% de HPV. A faixa etária predominante foi de 50 a 59 anos (78%), com maior prevalência em mulheres brancas (54%). A maioria das pacientes (66%) reportou ter parceria fixa, era casada (54%) e sem histórico de relações extraconjugais (64%). Além disso, foi observado que 64% das pacientes não tinham qualquer grau de orientação sexual e 56% viviam com menos de dois salários mínimos. A maioria das pacientes (78%) relatou não fazer uso de preservativos. Em 50% dos casos, o nível de escolaridade foi o ensino fundamental incompleto e apenas 8% tinham nível superior. Conclusão: As DST foram mais frequentes em mulheres brancas que não faziam uso de preservativos. A DST mais prevalente foi a infecção por HPV como condiloma acuminado em mulheres pardas. A infecção por HPV como neoplasia intraepitelial de colo uterino (NIC) foi a segunda DST mais frequente em brancas e pardas e ligeiramente mais baixa em negras. O condiloma acuminado e as NICs aparecem em todos os grupos de escolaridade analisados, exceto nos portadores de curso superior completo e em mulheres com maior renda familiar. Houve predominância das DST em mulheres sem ou com pouca educação sexual e naquelas com renda familiar e escolaridade baixas. A sífilis apareceu em todas as faixas etárias, de forma predominante no grupo com boa educação sexual, com maior renda familiar e com maior escolaridade. A sífilis e o herpes genital foram mais prevalentes em mulheres negras. A maioria das mulheres tinha parceria sexual fixa, era casada e sem histórico de relações extraconjugais.