Doenças sexualmente transmissíveis em mulheres a partir de 50 anos de idade

análise retrospectiva de 2000 a 2017 em serviço público de referência em Niterói, Rio de Janeiro

Autores

  • Mariana Cotta Maia
  • Roberto de Souza Salles
  • Mauro Romero Leal Passos
  • Vandira Maria dos Santos Pinheiro

Palavras-chave:

doenças sexualmente transmissíveis, mulheres, idosos

Resumo

Introdução: As doenças sexualmente transmissíveis (DST) são mais comuns em jovens. Existem poucos estudos sobre DST na população de idosos, em particular em mulheres. Objetivo: Avaliar e caracterizar, por meio de variáveis epidemiológicas, a prevalência das DST na população feminina com mais de 50 anos, em serviço público de referência no município de Niterói, Rio de Janeiro, Brasil. Métodos: O estudo foi realizado no Setor de DST da Universidade Federal Fluminense. Foi um estudo descritivo retrospectivo de caráter quantitativo, realizado com mulheres a partir de 50 anos de idade atendidas no referido serviço de ensino, pesquisa e extensão, no período de 2000 a 2017. A coleta de dados foi realizada por meio de pesquisa documental, a partir de consultas aos prontuários do Setor de Doenças Sexualmente Transmissíveis da Universidade Federal Fluminense. Foi analisado um total de 6.822 prontuários, sendo 2.363 do sexo feminino. Destes, 50 prontuários de mulheres a partir de 50 anos. As variáveis utilizadas foram: idade, escolaridade, estado civil, uso de preservativos, diagnóstico, características e comportamento sexuais (relações extraconjugais e passado de homossexualidade), cor, passado de DST, educação sexual, números de parcerias sexuais, renda familiar. Resultados: Houve maior prevalência de infecção por papilomavírus humano (HPV) sob a forma de condiloma acuminado em 48% dos casos e de neoplasia intraepitelial cervical (NIC) I, II ou III em 20%. Sífilis ocorreu em 14%, herpes genital e tricomoníase em 6% cada, HIV em 4% e gonorreia em 2% dos casos. 64% das mulheres não tinham história patológica pregressa de DST, e 6% tiveram diagnóstico prévio de sífilis e 6% de HPV. A faixa etária predominante foi de 50 a 59 anos (78%), com maior prevalência em mulheres brancas (54%). A maioria das pacientes (66%) reportou ter parceria fixa, era casada (54%) e sem histórico de relações extraconjugais (64%). Além disso, foi observado que 64% das pacientes não tinham qualquer grau de orientação sexual e 56% viviam com menos de dois salários mínimos. A maioria das pacientes (78%) relatou não fazer uso de preservativos. Em 50% dos casos, o nível de escolaridade foi o ensino fundamental incompleto e apenas 8% tinham nível superior. Conclusão: As DST foram mais frequentes em mulheres brancas que não faziam uso de preservativos. A DST mais prevalente foi a infecção por HPV como condiloma acuminado em mulheres pardas. A infecção por HPV como neoplasia intraepitelial de colo uterino (NIC) foi a segunda DST mais frequente em brancas e pardas e ligeiramente mais baixa em negras. O condiloma acuminado e as NICs aparecem em todos os grupos de escolaridade analisados, exceto nos portadores de curso superior completo e em mulheres com maior renda familiar. Houve predominância das DST em mulheres sem ou com pouca educação sexual e naquelas com renda familiar e escolaridade baixas. A sífilis apareceu em todas as faixas etárias, de forma predominante no grupo com boa educação sexual, com maior renda familiar e com maior escolaridade. A sífilis e o herpes genital foram mais prevalentes em mulheres negras. A maioria das mulheres tinha parceria sexual fixa, era casada e sem histórico de relações extraconjugais.

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Biografia do Autor

Mariana Cotta Maia

Universidade Federal Fluminense – Niterói (RJ), Brazil.

Roberto de Souza Salles

Universidade Federal Fluminense – Niterói (RJ), Brazil.

Mauro Romero Leal Passos

Universidade Federal Fluminense – Niterói (RJ), Brazil.

Vandira Maria dos Santos Pinheiro

Universidade Federal Fluminense – Niterói (RJ), Brazil. Universidade Federal do Rio de Janeiro – Rio de Janeiro (RJ), Brazil

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Publicado

2020-12-01

Como Citar

1.
Maia MC, Salles R de S, Passos MRL, Pinheiro VM dos S. Doenças sexualmente transmissíveis em mulheres a partir de 50 anos de idade: análise retrospectiva de 2000 a 2017 em serviço público de referência em Niterói, Rio de Janeiro. DST [Internet]. 1º de dezembro de 2020 [citado 3º de julho de 2024];32. Disponível em: https://bjstd.org/revista/article/view/887

Edição

Seção

Artigo original