Detecção de papilomavírus Humano e vírus e Pstein-Barrem lesões malignas do trato genital masculino
Palavras-chave:
câncer de pênis, HPV, EBV, PCR, DSTResumo
O câncer de pênis é um tumor raro. Entretanto, seu curso, física e psicologicamente mutilante, e os decepcionantes resultados terapêuticos situam--no entre os mais perigosos tumores humanos. Nos últimos anos, evidências se acumularam definindo o HPV como agente etiológico do câncer cervical. Entretanto, poucos estudos sobre a etiologia do câncer de pênis vêm sendo conduzidos em todo o mundo. Alguns genótipos do HPV têm sido encontrados em cerca de 40 a 70% dos carcinomas penianos, com maior prevalência de HPV 16 e 18. Acredita-se que a presença de cofatores, em especial o HIV e o vírus Epstein-Barr (EBV), possa ter um papel na progressão a esta neoplasia. O EBV é associado a diversas doenças malignas na população humana e especula-se sobre seu envolvimento na carcinogênese anogenital. O objetivo desse projeto foi determinar a prevalência do HPV em lesões malignas de pênis provenientes de pacientes atendidos no Hospital do INCA. Simultaneamente, avaliamos a presença do EBV como possível agente associado ao câncer de pênis. Para tanto, utilizamos a técnica de reação em cadeia da polimerase (PCR) e de polimorfismo do comprimento do fragmento de restrição (RFLP). Foram selecionados 135 pacientes entre os anos de 2005 e 2010 do INCA. A média de idade foi de 58,5 anos. A infecção pelo HPV foi detectada pela PCR usando primers genéricos MY09/MY11. As amostras foram em seguida submetidas à PCR tipo-específica para detecção dos HPV 16, 18, 33, 35, 45 e 58 e as não tipadas foram então submetidas à técnica de RFLP. Das 135 amostras de carcinoma de pênis, 82 foram MY-positivas (60,7%): 27 apresentaram HPV 16 (29,7%), cinco, HPV 18 (5,5%), 21, HPV 45 (23,1%) e nove, HPV 6 (9,9%). Foram observadas sete infecções mistas (9,2%). Onze casos foram indeterminados (HPV X) (13,4%). Em relação ao EBV, 46,7% das amostras de carcinoma foram positivas, sendo o EBV 1 o mais prevalente (74,6%). Trinta e seis amostras de carcinoma foram positivas tanto para HPV como para EBV (34,1%). Foi analisado o grau de diferenciação do câncer, mas sua relação com o status ou tipo de HPV e/ou EBV não teve significância estatística (p > 0,05). Também não foi verificada significância estatística entre a idade dos pacientes e a prevalência viral. As taxas de detecção do HPV 16 descritas nesse estudo estão de acordo com a literatura mundial, que o descreve como o HPV mais prevalente, tanto no câncer de pênis quanto no câncer cervical. Uma alta frequência do HPV 45 e uma queda na frequência do HPV 18, aqui descritas, também têm sido vistas em estudos de prevalência de HPV em câncer cervical, apontando uma nova tendência de circulação destes genótipos no mundo. A possibilidade de sinergismo entre o EBV e o HPV para iniciar os eventos da carcinogênese já foi sugerida para o câncer cervical. Em nossas amostras, o EBV foi detectado em todos os tipos de lesões estudadas, inclusive em carcinomas in situ e não invasivos, o que sugere que sua presença não é decorrente de uma infecção/reativação tardia, mas sim acompanha a história natural do câncer. Vale ressaltar que a etiologia do câncer de pênis ainda não foi totalmente elucidada, e o HPV e o EBV continuam sendo considerados agentes controversos; assim, mais estudos são necessários para comprovar ou refutar essa possível associação, especialmente agora que há vacinas profiláticas para o HPV comercialmente disponíveis.